quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Chapada da Diamantina - Relato Dia 1

  Fomos para o Aratu Iate Clube e deixamos para trás nossos amigos de Itaparica.  Fomos velejando junto com o Gustavo do Pé-na Tábua. O pessoal do Baltic-Sun iria conosco, mas tiveram que ficar resolvendo uns problemas na ilha. A ideia era irmos todos juntos para a Chapada. Deixamos o barco e partimos no dia seguinte para a rodoviária. Não esperávamos encontrar nossos amigos quando de repente os vimos aparecer no shopping que ficava em frente à rodoviária, onde nós estávamos comprando algumas coisas e queríamos aproveitar para almoçar. Todos juntos seguimos então para Lençois, Ba.
Queríamos quebrar a viagem com algo de montanha e colocamos no roteiro este lugar remoto conhecido por suas cachoeiras e cavernas, além de um parque com vales incríveis. Resumindo a história do lugar, a chapada foi muito rica por conta dos diamantes e de uma legião de pessoas que migrou em busca de pedras preciosas escondidas nos rios e nas terras.

 Este ciclo começou em torno 1840 e foi até 1910, quando houve o primeiro declínio da economia por conta da descoberta das minas de diamantes na África do Sul. Houve então uma decadência do lugar e abandono da região. Em aproximadamente 1925  os diamantes foscos, também abundantes na região, tornaram-se preciosos, pois foram utilizados como ferramentas de corte e brocas na construção do metrô de Londres e no canal do Panamá. Este tipo de diamante chegou a ter o valor 20 vezes maior que os diamantes tradicionais.  Com o aparecimento 
do tungstênio e vídea, novas ferramentes de liga metálica que substituíram os diamantes escuros houve novo esvaziamento da região.  Entretanto alguns garimpeiros industriais seguiam devastando a região em busca de diamantes, principalmente estrangeiros que exploravam a mão de obra local  e não deixavam riquezas para o lugar. Houve ainda a exploração de madeira nobre, principalmente o jacarandá, que devastou as matas locais. Ainda teve um ciclo econômico baseado da exploração de uma planta endêmica, a Sempre-Viva, que tem uma flor que mesmo depois de retirada do solo ainda mantém suas propriedades de abrir e fechar quando expostas à luz.  Após todas estas etapas de explorações e devastações criaram então o parque nacional e proibiram a extração de diamantes e plantas. Estima-se que somente  20 % do total das pedras foi retirado. Atualmente esta região vive do turismo por conta das incríveis riquezas naturais. Conta ainda com o contraste de casas antigas de uma época de muito dinheiro e vilas abandonadas que um dia foram repletas de garimpeiros ávidos por uma transformação econômica rápida e, muitas vezes casual, de encontrar um diamante valioso.  É um lugar interessante, tanto pela sua natureza exuberante quanto pela sua história.   

Diamante

Chegamos então na rodoviária e conhecemos o Vadin, um rapaz estoniano que também estava a fim de fazer as caminhadas. Éramos no total 10 com ele, nós quatro,Gustavo, Alister, Ingrid, Michael e Tanzi.(a família do Baltic Sun).
No primeiro dia após uma curta caminhada chegamos na Cachoeira Ribeirão do Meio.  Acabamos passando o dia lá. Tem um escorrega sensacional. As crianças se divertiram como nunca.


Escorrega no R do Meio, Diego e Rodrigo



Ribeirão do Meio, Michael e Tanzi

Momento de relax na cachoeira do R do Meio com
 o guia o Puma, a mexicana Angêlica e Diego


















Queríamos fazer a travessia do parque a pé, o que levaria três dias de caminhada, só que na dificuldade de conseguir um guia, (todos queriam cobrar uma fortuna) acabamos comprando um mapa e estávamos por nossa própria conta. Alister comprou inclusive uma bússola e lá fomos nós. Ônibus para Palmeiras, de lá carro para Guiné e este nos deixou na entrada do Parque. Como já era noite acampamos ali, mesmo com referências de que ventava muito no local.  A noite parecia linda, com estrelas e uma lua sorrindo para nós.  Armamos as barracas, preparamos comida e fomos dormir. No meio da noite o vento realmente apareceu e quebrou a barraca das crianças que tiveram que se transferir para a nossa, mas no final tudo bem. A gente até gostou da ideia porque estávamos morrendo de frio.
A galeirinha no ônibus indo para Guiné
Dia seguinte caminhada forte, que durou todo o dia e no final acampamos nas terras do Sr. Wilson, um nativo que tinha uma estrutura para camping.  Fizemos a nossa comida num fogão a lenha que foi disponibilizado para nós.  Foi bem divertido, à luz de velas e fogo do fogão.


Um pequeno descanso após a subida do Beco do Guiné



 Ao dia seguinte fomos a cachoeira próxima a casa dele, chamada do Funil.. Foi linda. Eu, Alister e as crianças fomos até o final do rio subindo pelas pedras vendo inúmeras cachoeiras lindas, com flores e pássaros diversos. Maite, Ingrid e Gustavo ficaram na segunda cachoeira.
Na volta da cachoeira partimos para o segundo camping, o da dona Linda. Só que chegamos uns 100 m antes porque estava escurecendo e algumas pessoas ainda não tinham chegado. O camping fica ao lado do rio, assim que passar uma ponte grande de concreto. No dia seguinte acordamos ao amanhecer para mais uma caminhada. Primeiro um subidão e depois uma caminhada  pesada a pesar de ser de descida, mas o sol estava muito forte e o caminho era muito irregular, com pedras.
Finalmente chegamos em Andaraí.  Lá fomos para a pousada Don'anna. É um casarão de início do século muito charmoso. A Carol e Julio, os donos, são um casal jovem que acabou de abrir a pousada neste ano. Eles foram muito atenciosos com a gente. Andaraí é um lugar que com certeza vai virar o próximo ponto turístico.


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